Caros leitores,
É com pesar que anunciamos a ruptura da parceria com a editora Sundermann. Tal desenlace significa, entre outras questões, que os livros da editora não voltarão a fazer parte da curadoria do Clube do Livro à Esquerda no futuro; que a Banquinha (na UFSC e online) deixará de vender seus livros e a Escola de Formação da Classe Trabalhadora – Vânia Bambirra suspendeu todas as atividades de grupos de leituras que estavam programados com as obras do catálogo da editora – ao todo, seis para 2023/2024. Em todos os casos, as obras serão substituídas pelos mesmos títulos de outras editoras, por sua versão em espanhol de outras editoras ou por diversos títulos de igual valor teórico-analítico.
O motivo da ruptura foi a quebra de confiança política na editora Sundermann durante as tratativas para a aquisição de um alto volume de exemplares da obra “Comunistas contra Stalin: o massacre de uma geração”, de Pierre Broué – tradução da versão original francesa, de 2003, que foi lançado recentemente pela editora com preço de catálogo de R$ 120,00.
O Clube do Livro inicia as tratativas com as editoras alguns meses antes da divulgação dos livros para os leitores. Durante as quais, ocorrem consultas e negociações sobre preços, prazos de entregas, disponibilidade de estoque e qual será o esforço de divulgação das obras e da editora. A obra seria entregue aos assinantes do Clube em fevereiro e iniciamos a divulgação do livro de Pierre Broué somente após a confirmação da editora de que ela seria capaz de nos fornecer o alto volume encomendado.
Em casos como esse, quando o preço da obra é muito superior ao da assinatura (nosso plano de assinatura base é de apenas R$ 44), o Clube do Livro faz a aquisição com prejuízo financeiro. E por que fazermos isso? Por acreditar nas editoras parceiras de esquerda, assumimos nosso papel na distribuição de obras diante de um mercado editorial cada vez mais monopolizado por grandes capitais varejistas estrangeiros que prejudicam as editoras e gráficas brasileiras e por compreendermos a importância política de uma determinada obra, autor ou temática. Afinal, o Clube do Livro à Esquerda não é uma empresa, mas um dispositivo de formação política da EFOP.
Seria esse o caso da obra da Sundermann. Infelizmente, após as confirmações e a ampla divulgação do livro escolhido para o mês de fevereiro, a editora deixou de responder nossos contatos. Após várias insistências e explicarmos a urgência na compra dos volumes em razão dos prazos do Clube, a editora respondeu de forma telegráfica que não atenderia mais a solicitação sem fornecer nenhuma explicação sobre o ocorrido.
Desde então, tentamos diversas vezes contato para compreender se o problema poderia ser contornado com mudanças nos prazos ou se a editora estava com algum problema que poderia ser sanado com nosso auxílio. Jamais obtivemos respostas. Sem mais alternativas, percebemos que se tratava de um problema mais grave. De nosso ponto de vista, a editora esteve consciente, durante todo o tempo, dos prejuízos que seriam causados ao Clube. Tal quebra de confiança, que se estende a todos os organismos e aparelhos coligados ao Clube do Livro, infelizmente se tornou inevitável e nos leva a essa decisão, que precisávamos compartilhar com nossos leitores.
Gostaríamos de pedir desculpas aos leitores do Clube pela expectativa criada em torno do acesso à uma obra de elevado valor teórico, mas cujo preço, entendemos, é proibitivo para muitos militantes. Parte de nosso compromisso político é fazer com que o Clube do Livro à Esquerda siga como um instrumento de democratização do acesso ao livro sem com isso penalizar as editoras de esquerda, que são cada vez mais pressionadas pela elevação dos custos de produção, restrições de crédito e oligopolização do mercado de distribuição. Infelizmente, neste caso, não foi possível.
Aproveitamos para informar que recorremos a Boitempo, que tem sido uma camarada inestimável do Clube do Livro à Esquerda, que de pronto nos respondeu e envidou todos os esforços de sua equipe para nos enviar com urgência os volumes da obra magnífica “Outubro” de China Miéville, enriquecendo o eixo sobre a Revolução de Outubro.
Ressaltamos nosso compromisso em continuar trazendo obras de inestimável valor teórico-analítico para os nossos assinantes, mesmo diante de dificuldades como esta. Agradecemos a compreensão e apoio de nossos leitores neste momento.
Atenciosamente,
Equipe Clube do Livro à Esquerda
Escola de Formação Política da Classe Trabalhadora - Vânia Bambirra
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