Grupo de Leitura realizado em abril e maio de 2020
Promovido pela EFoP - Vânia Bambirra, o Grupo de Leitura “Especulação e Lucros Fictícios” foi um espaço destinado exclusivamente para debater a obra Especulação e lucros fictícios: formas parasitárias da acumulação contemporânea, organizado por Helder Gomes. O livro é um trabalho de continuação dos dois volumes de Capital – essência e aparência de Reinaldo Carcanholo, em que se busca avançar os estudos sobre a crise contemporânea do capital.
Na obra estão reunidos artigos que comungam de um progressivo e intenso esforço de elaboração teórica na busca de elementos analíticos mais precisos para explicar a crise do capitalismo mundial desencadeada no final dos anos de 1960. O livro reúne artigos de Reinaldo Carcanholo, Paulo Nakatani, Maurício Sabadini, François Chesnais e Helder Gomes.
Distribuído em quatro encontros, ocorridos semanalmente, o grupo iniciou as atividades com a participação do professor Maurício Sabadini, professor e pesquisador do Programa de Pós-graduação em Política Social da UFES e presidente da Sociedade Brasileira de Economia Política. Sob orientação de Allan Seki Kenji, as atividades aconteceram remotamente devido à emergência de saúde pública causada pela pandemia da Covid-19.
Nos encontros, foi possível compreender e discutir as elaborações teóricas e propostas categoriais que buscavam explicar os fenômenos da crise contemporânea, apontando suas particularidades. Para precisar as categorias utilizadas para explicar a nova forma de acumulação capitalista, os autores debatem os limites da noção capital financeiro — amplamente difundida nos debates sobre a crise a contemporânea.
Entre as contribuições, há o esforço de explicar a crise sobretudo pela dominação da forma especulativa do capital sob o capital industrial. Reinaldo Carcanholo e Paulo Nakatani intitulam essa forma de Capital Especulativo Parasitário, pois “ele não cumpre nenhuma função na lógica do capital industrial. É um capital que não produz mais-valia ou excedente-valor e não favorece nem contribui para a sua produção” (página 54 do livro).
A grande inovação teórica apresentada na obra é a categoria de “lucros fictícios”, que visa explicar parte do rendimento do capital fictício (mais especificamente do capital fictício de tipo 2, na conceituação dos autores). Ou seja, nessa nova forma de acumulação, com predomínio do capital especulativo parasitário, haveria uma produção fictícia de riqueza, sem lastro na produção material da riqueza.
De acordo com a explicação de Maurício Sabadini, lucro fictício “é capaz de criar uma aparência de lucro adicional que é real, de um ponto de vista individual, mas que, ao mesmo tempo, essa realidade ilusória cobra seu preço na contradição e nas crises” (p. 192).
Com a participação de pessoas de diferentes regiões do Brasil por conta da forma virtual que a atividade foi realizada, o grupo encerrou as discussões em maio de 2020.
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